31.7.06


Dou por mim a sentir a minha vida à mercê do descontrolo. É como se visse a mim, aos que são meus – ou assim os penso, através de um filtro. Um filtro desfocado, como se fosse uma cortina.

Apercebo-me que a minha vida tomou um rumo que não reconheço como um percurso que poderia ser o meu. Um estado de embriaguez entorpece-me o espírito que já é irrequieto. Para que as voltas que dou voltando ao mesmo lugar mas noutra plataforma. Distorcida.

A minha realidade compõe-se com os factos que me deveriam ser novos mas, parecem instalados como se estivessem lá desde sempre, com os vícios que são meus. E assim, mil e umas vezes mais olho-me ao espelho e não me reconheço e cada vez mais o meu rosto faz sentido para a imagem que tinha de mim, porque as minhas preocupações são outras que nunca pensei serem as que tenho. É com se estivesse noutro sítio quando chega a altura de fazer opções e quando voltas e olhas e…

Nada acontece, então. E fico ou deixo-me ficar. Porque as colinas estarão para sempre lá e a areia e o vento e o mar e os rios e as flores e as árvores. E os pássaros que me irritam de manhã.

Durmo sonolentamente. E não acordo. Porque tenho medo que seja um sonho.

E afinal, a manhã já passou. Alívio contido. Porque estou de férias.


(A pedido de numerosas famílias, foi o post possível sobre férias...ai... Mais uma vez, obrigada, Afonso! )

26.7.06

a melhor invenção depois da roda...



...é que tantas intriguices deixaram-me mal disposta...

17.7.06

Há pessoas que me intrigam...



(a foto roubei-a ao google...encontrei-a quando fazia a busca da palavra "intriga"... intrigante?)

SIm, é aqui mesmo! Muito obrigada!

14.7.06

Há dias em que acordo assim.




...Its getting faster, moving faster now, its getting out of hand, On the tenth floor, down the back stairs, its a no mans land, Lights are flashing, cars are crashing, getting frequent now, Ive got the spirit, lose the feeling, let it out somehow...

(Disorder.Joy Division)

7.7.06

Saiu de casa apressado. Pegou na mala de ferramentas e abalou. Diziam que era bom moço e muito bom trabalhador. Diziam que era amigo de ajudar mas, não falava muito. Era pouco dado à bola e aos copos. Alinhava na malha, de quando em vez. O que gostava mesmo era de ficar sentado na borda do passeio a traulitar canções e a inventar histórias sobre os pássaros. Os pássaros que lhe enchiam a retina e os ouvidos criados numa serra pequenina. Abalou para a fábrica. porque ía muito atrasado. Dizem que adormecera, o que era estranho, porque o rapaz deitava-se cedo. Nem ao café vinha. Só ao Sábado. Dizem que nunca lhe ouviram suspiros pelo totoloto ou pela partida para a cidade. Que gostava muito disto. Que não largava isto por nada. Era um rapaz muito jeitoso. Trabalhador...e humilde, muito humilde. Abalou. De vez. Mas, que não pode ter sido, que algo lhe aconteceu, será que foi assaltado pelo caminho? A Guarda não encontrou nada. Nem a família pode responder porque não sabe. Mas ainda ficou de passar cá a semana passada para me arranjar a porta do galinheiro. E ele nunca faltava. Ai que mundo este, Meu Deus...


(mérci bien, chére Mathieu Neuforge)