18.12.06


É quase Natal. Dizem que sim. Diz-se que o Natal está escrito nas paredes e nas ruas da cidade. Há violoncelos nos telhados. Uma jovens turista de França pacienta a escola antiga que o senhor de saberes antigos relembra das aulas da Mademoiselle Clara. Ensina-lhe, por amabilidade, os segredos das ruas estreitas do Porto. E a função de S. Nicolau fica cumprida. Por ali. Correm os rios das pressas nos passeios vidrados. E é quase Natal.

12.12.06

Praga de Natal

Além da musiquinha irritante com sininhos e merry xtmas, a verdadeira praga de Natal são os "jantares de Natal"! Bolas, para quem inventou o conceito! Não basta aturar os colegas de trabalho durante o ano - dizer mal, ranhosar criticar e implicar- e vai que a hipocrisia conhece o seu auge nesta altura. E, pronto! Lá corre a listinha para os convivas assinalarem o desejo de presença com direito a troca de prendas. Ai, de quem recusar por lá o nome! É bom que tenha desculpas do tipo "tenho o avô no Hospital" ou "nesse dia não posso que vou fazer uma rinoplastia!". Os desgraçados que vão, porque têm mesmo que ser, desembolsam vinte e cinco Euritos para jantar no Brasileirão- comida péssima com animação (ai que fico mal disposta!) e com sotaque das ex colónias, que o samba deles é que é bom! (not!) Tudo isto bem regado com o mal dizer de quem não foi ou não foi (propositamente) informado da festa! Os maridos ficam em casa ou as mulheres, tudo bebe vinho verde e sai do jantar com o bibelot reciclado do ano anterior e mortinho que haja outro jantar para despachar a escultura de mau gosto e de fabrico chinês! Tornam-se todos amigos do chefe por três horas e dizem piadas de loiras e discutem futebol, elas falam das decorações com reninhas e anjinhos e onde os maridos as vão levar para o Reveillon. E depois voltam a casa. Que a brigada não os faça parar e adivinhar-lhes os copos a mais!E depois voltam às secretárias e aos telefones e aos computadores. E continuo sem perceber porque insistem ano após ano.
Jantar de Natal é só um. Na noite de 24 de Dezembro, com a família, se a há. Ou com os amigos. Aqueles mesmo amigos. Por isso já sabem, não obrigada. Vou fazer uma rinoplastia e o avô tá no hospital!