A cada passo que dava sentia o estrangulamento. A traqueia já colada à faringe ou à laringe, distinções a parte.
Fecharia os olhos e de joelhos confessaria as suas mágoas ao homem simpático de veste católica. Sem lhe ver a cara e sem ser vista. Agradeceria o poder falar do sufoco no coração.
Mas os passos nunca se dirigiram para a casa de oração. Nunca sentiu o alívio de palavras soltas no cubículo de madeira rendada à pressa de algumas avé marias e pais nosso. E o mal ficou atravessado na garganta e algures entre aortas. Venosas e arteriais.
Como um espelho para onde recusa o olhar, bastando-lhe a dor que sente.
Nunca vai saber explicar. Como sabe explicar que bits são diferentes de bytes.
Porque o seu problema não é moral nem social. É da tristeza profunda que não tem forças para compreender.
O que a torna sonolenta de vida.
Um beijo de mim para ti, miúda.
11.1.06
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