28.1.05

Ai...

Hoje encontrei um velho amigo. Velho. Velha com eu estou quando dou por mim a fazer contas e reparo que o há 10 anos foi noutro dia.
Há 10 anos atrás eu era uma pirralha com a puta da mania! Era senhora do meu nariz e tinha o mundo inteiro para enfrentar e conquistar.
Por isso estou velha, porque não quero enfrentar nem o condomínio e as suas propostas de azulejar o pátio comum, porque me basta o conforto de saber que o Sr. José da confeitaria nunca se vai esquecer que adoro a água das pedras com muito gelo. E a minha conquista favorita é o lugar de estacionamento à porta de casa mesmo que seja Domingo! É meu, aquele lugar. E toda a gente já sabe disso!
Não, não estou assim tão acomodada. Só que... se calhar já não sou tão pirralha e como os velhos que vão perdendo o paladar e olfacto sinto -me a perder a força dos sentimentos que punha em todas as situações. Fossem boas e explodia numa alegria incomensurável, fossem más e a terra desabava em cima dos meus ombros.
Se calhar estou só cansada.
Ainda bem que é fim de semana!

27.1.05

Já devem ter reparado...

Que eu tenho uma adoração por Natália Correia. Que eu tenho uma adoração pela música (reparem na ressalva) de José Mário Branco. E por isso tomem! De preferência com som!

"Dão-nos um lírio e um canivete
E uma alma para ir à escola
E um letreiro que promete
Raízes, hastes e corola.
Dão-nos um mapa imaginário
Que tem a forma duma cidade
Mais um relógio e um calendário
Onde não vem a nossa idade.
Dão-nos a honra de manequim
Para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos o prémio de ser assim
Sem pecado e sem inocência.
Dão-nos um barco e um chapéu
Para tirarmos o retrato.
Dão-nos bilhetes para o céu
Levado à cena num teatro.
Penteiam-nos os crânios ermos
Com as cabeleiras dos avós
Para jamais nos parecermos
Connosco quando estamos sós.
Dão-nos um bolo que é a história
Da nossa história sem enredo
E não nos soa na memória
Outra palavra para o medo.
Temos fantasmas tão educados
Que adormecemos no seu ombro
Sonos vazios, despovoados
De personagens do assombro.
Dão-nos a capa do evangelho
E um pacote de tabaco.
Dão-nos um pente e um espelho
Para pentearmos um macaco.
Dão-nos um cravo preso à cabeça
E uma cabeça presa à cintura
Para que o corpo não pareça
A forma da alma que o procura.
Dão-nos um esquife feito de ferro
Com embutidos de diamante
Para organizar já o enterro
Do nosso corpo mais adiante.
Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.
Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte."

Escritório II


As situações, adoro esta palavra e odeio mais ainda é este teclado estúpido, que me faz enganar vezes sem conta, acusando a minha incapacidade de teclar perfeitamente. Odeio este ambiente que se cria de risinho, eu sei, quando a inteligência não dá para mais... Ah, tenho que me escusar desta maneira, senão aborreço-me até à morte com tantas indecisões sobre o que farão para o jantar, se feijão ou cebola frita a fazer de cebolada. Ah, a conversa desenrola-se assim sem nada que interesse ao menino Jesus. E vê-se bem a produtividade! Que obtém índices significativos. Interpretem como quiserem.!!
As vozinhas esganiçadas que emitem das gargantas ocupadas com as migalhas do lanche que dura há pelo menos desde que o regresso do pequeno almoço se fez lento. Mas isso nem me chateia, chateia-me é o arzinho displicente com que me dirigem o olhar...
Ah, paciência.
Morro de sono. Ainda bem, acho que se estivesse no meu melhor todos os dias deprimiria em três tempos, porque não há sanidade mental que aguente, acreditem. Esperem, agora a dúvida é se são pataniscas ou filetes que irão ser servidos quando a Paula Moura Guedes anunciar o Telejornal!!
Mas como pretendia eu iniciar este pequeno texto... bem esqueçam, amanhã termino.

What?? O meu orgulho!?!

in Comércio do Porto:
""Estalidos em Marte" chegam hoje ao Campo Alegre numa estreia intergaláctica do TUP
Escrita e encenada por Filipe S. Tenreiro, viagem satírica e pseudo-futurista do Teatro Universitário do Porto ao universo do século XXIII
O Teatro Universitário do Porto (TUP) estreia hoje (dia 26) às 21h30 a proposta "Estalidos em Marte" no palco da Sala-estúdio do Teatro do Campo Alegre (TCA). Trata-se de uma viagem intergaláctica em direcção ao futuro. Sexo, drogas e rock´n´roll no séc. XXIII numa sátira pseudo-futurista à sociedade contemporânea escrita e dirigida por Filipe S. Tenreiro em cena no TCA até 6 de Fevereiro. No final do séc. XXI dois portugueses são os primeiros astronautas a pisarem Marte, dando início um processo de colonização interplanetária. Volvidos dois séculos, a comunidade estudantil universitária serve de objecto de análise sociológica e comportamental do humano. Num contexto antropológico marcado pela infantilização, triunfa uma visão trágica da Humanidade. Um elenco de sete personagens planas e estereotipadas, movimentam-se num cenário vazio de adereços. Filipe S. Tenreiro, que estreia a sua primeira peça na cidade que o fez nascer, distancia-se da ideia do escritor de teatro solitário. "Na verdade, sou incapaz de escrever sozinho em casa e depois trazer o material para o palco", afirma. O processo criativo de "Estalidos em Marte" foi tendencialmente experimental, "in progress", em permanente confronto com os intérpretes. "Se os actores fossem outros, o resultado final seria certamente diferente", confessa o encenador com múltiplos trabalhos desenvolvidos no audiovisual brasileiro, via Rede Globo. O princípio do entretenimento televisivo, veloz e estereotipado, é transportado para o palco em micro-narrativas de cariz satírico corporizadas por personagens como Paula, a estudante que ameça transformar o suicídio na casa de banho da universidade num acontecimento mediático, ou Poças, o rebelde hedonista disposto a "colocar o sistema em xeque". Emergem dos diálogos palavras e expressões "da moda", como "carácter" ou "forrobodó", signos linguísticos que utilizados até à exaustão se esvaziam do significado matricial, triunfando como símbolos de poder essencialmente estético. Assumindo o carácter lúdico da peça, o encenador procura através do entretenimento levar as pessoas a reflectir, sobre comportamentos socio-culturais. "O teatro não deve só entreter, mas também levar as pessoas a pensar", considera o encenador Filipe S. Tenreiro. "

25.1.05

stress........

A ausência deve-se ao stress....
Stress de montar um espectáculo.
Stress de fazer parte desse espectáculo.
Stress com quem faz esse espectáculo.

14.1.05

...

Mas haverá paciência??

Indisposição

Acordo indisposta há já quatro dias. Tenho dores de barriga, um formigueiro de indisposição e falta de apetite. Não tenho sono e por isso não durmo. Não tenho vontade de me rir, não tenho vontade sequer de me divertir ou ser divertida. Não estou amuada ou aborrecida. Não estou zangada. Estou indisposta.
Não estou disposta para. No entanto, também não estou indisposta para. Estou indisposta. Só.
Humpff!

7.1.05

já vi isto em qualquer lado...

"...Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento em que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né filho? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do...que dia é hoje, ah?..."
FMI José Mário Branco


afinal eu não perdi os anos tumultuosos da Revolução!

Já passou?

a euforia dos tsunami, as boas festas, as piadinhas de formação das listas para as próximas eleições?

ah...parece que não...

então volto mais tarde!