Carros, automóveis ou viaturas são isso mesmo. Cumprem a sua função. Transporte em segurança e conforto. Mas, nada mais do que isso. Achava eu.
Nunca havia descortinado qual a atracção ou emoção envolvida neste tipo de desporto. Era um grupo de loucos com muito dinheiro a fazer barulho com motores em binários extraordinários e velocidades impensáveis.
Nunca tinha percebido.
No desporto, seja ele futebol, volley ou salto em comprimento há a superação do ser humano de si mesmo. O corpo é o único instrumento. E tentam-se proezas de força e resistência. Percebo.
Nos Karts, Rallys ou Fórmulas, a superação é intelectual e vem sobre a forma de alumínio e injectores e caixas de velocidade reduzidas. O espectáculo não é humano. É mecânico e metálico. Não percebia.
Mas, é de facto espectáculo. Não posso negar. De todo. Como é impensável a superação humana a que o piloto se submete para ser o mais rápido, para ser o melhor. Na sua atenção e destreza. Á mercê de parafusos bem colocados e pneus quentes e temperados. Vi, pela primeira vez. Senti, pela primeira vez, a emoção nos gritos dos motores, no vento da velocidade. E é mágico. Admito.
Afilam-se na grelha, os carrinhos ocos cheios de adrenalina e os motores ensurdecedores, enquanto se aguarda que as luzinhas que são muitas fiquem bem vermelhas e embarcam em voltas de alucínio.
Percebi, junto ao ar salgado de areia da Boavista que é um jogo de emoções assistir a uma corrida. Ao contrário de outras modalidades, assistir desporto automóvel faz saltar arrepios na pele, zumbidos na cabeça que nos vertiginam. Nem sequer imagino o que deve ser praticá-lo.
As milhares de pessoas começaram a romaria ao circuito às 08h00 e compunham o cenário. Homens e mulheres. Passeavam os gelados entre corridas. Cães escovados passeavam os donos cima abaixo em cores de felicidades absolutas num Domingo barulhento.
E o silêncio era imenso antes das Partidas.
Os berros descolavam nas ultrapassagens. Nos “toques” e acidentes. Sem feridos. Só com exemplos de força interior, muita, muita.
E uma garra esticada à vida.
Agora tenho respeito. Mesmo muito. Mas, é mais fácil, já sei o que é o Pit Lane, e o significado da bandeira azul e hei-de sempre assustar-me com o “ratér”.
Para a semana há mais.
Obrigada,
Rui. Por tanto que me ensinas. Obrigada,
Zé. Por tanto que me revelas.